segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

CARMEN MIRANDA & WALT DISNEY

Filmes com Carmen Miranda na Cinemateca



Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema CARNAVAL COM CARMEN MIRANDA


No mundo do cinema, haverá alguém mais "carnavalesco" do que a esfuziante Carmen Miranda? Nascida em 9 de Fevereiro de 1909 com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha, em Marco de Canaveses, no Douro Litoral, foi levada em pequena para o Rio de Janeiro, para onde os seus pais tinham emigrado, como tantos portugueses. Começou a trabalhar numa chapelaria, o que deve ter contribuído para a destreza com que fazia os seus célebres turbantes. Aos 20 anos, grava o seu primeiro disco (em 78 rotações, com duas canções) e torna-se célebre. Durante a década de 30, sem dúvida o seu melhor período como cantora, é um uma grande vedeta no Brasil, tendo inclusive participado em alguns filmes. Em 1939, é levada para os Estados Unidos, onde assina um contrato com a Fox e onde viveria até ao fi m da vida (morreu em 1955). Nos Estados Unidos, o traje folclórico da Bahia com que se apresentava em palco é transfigurado num delírio de cores e formas, á Hollywood. Foi lançada como "a bomba brasileira", the Brazilian bombshell e fez sensação. Com o grupo que trouxe do Brasil, o Bando da Lua, participou em treze fi lmes em Hollywood, porém nunca como protagonista, sempre como guest star. Foi também presença constante no circuito dos shows. No cinema, era obrigada por contrato a usar turbantes e pulseiras, a agitar as mãos, a manter a sua carregada pronúncia e, ao que parece, até a escurecer a pele muito branca com maquilhagem, para ter um ar mais "brasileiro". Ainda em vida, Carmen Miranda entrou para o folclore do século XX. Morreu subitamente, aos 46 anos, quando a sua presença no cinema já era menos marcante, mas ainda em plena actividade, antes do declínio. Vamos homenageá-la com nove dos filmes que fez em Hollywood e com um breve documentário brasileiro, numa aut êntica retrospectiva, na semana de Carnaval.

CARMEN MIRANDA de Maria Guadalupe e Jorge Ilelli Brasil, 1969 - 18 min

THE GANG'S ALL HERE Sinfonia de Estrelas de Busby Berkeley com Carmen Miranda, Alice Faye, Edward Everett Horton, Eugene Pallette, Charlotte Greenwood, Benny Goodman Estados Unidos, 1943 - 101 min / legendado electronicamente em português O mais célebre filme com Carmen Miranda e, sem dúvida, o melhor. A peculiaridade do trabalho de Busby Berkeley como coreógrafo de filmes musicais é que, ao invés de filmar números de palco usa efeitos ópticos: íris, caleidoscópios, espirais, multiplicação de figurantes idênticas, como se fossem a mesma mulher repetida ao infinito. Nos anos 30, Berkeley fez maravilhas a preto e branco, em THE GANG'S ALL HERE mostra-nos a sua loucura em Technicolor. A criatividade do mestre, junta-se a extravagância de Carmen Miranda, então no auge da sua carreira hollywoodiana. O celebérrimo número The Lady in The Tutti Frutti Hat é dos mais delirantes de toda a história do cinema musical. Ter. [17] 21:30 - Sala Dr. Félix Ribeiro

COPACABANA Copacabana de Alfred Green com CARMEN MIRANDA, Groucho Marx, Andy Russell, Steve Cochran Estados Unidos, 1947 - 90 min / legendado electronicamente em português
O titulo não faz alusão á famosa praia carioca mas a um então célebre night club em Nova Iorque. Tratase de uma produção relativamente modesta, a preto e branco, em que Carmen Miranda e Groucho Marx Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinem(uma reunião que deveria ter causado faíscas), ambos no comercio do declinio, fazem os seus números habituais. A certa altura, ela fi nge-se de francesa, com o cabelo louro e um véu à moda arabe a tapar-lhe o rosto!
Qua. [18] 19:30 - Sala Luis de Pina

SPRINGTIME IN THE ROCKIES Férias nas Montanhas de Irving Cummings com CARMEN MIRANDA, Betty Grable, Cesar Romero, Edward Everett Horton, Charlotte Greenwood Estados Unidos, 1942 - 90 min / legendado electronicamente em português Um cantor da Broadway tenta reconquistar a ex-namorada, que o deixara por ele ser muito mulherengo. Mas o homem tem uma secretária latina (Carmen Miranda), o que atrapalha os seus planos. A acção passa-se nas Montanhas Rochosas (em estúdio, é claro), o Technicolor é intensíssimo, os secundários são de primeira (Edward Everett Horton, Charlotte Greenwood) e o resultado é muito divertido. Carmen Miranda canta dois dos seus grandes êxitos: "Chattanooga Choo hoo" e "O Tic-tac do Meu Coracão".
Sáb. [21] 15:30 - Sala Dr. Fálix Ribeiro

SCARED STIFF O Castelo das Surpresas de George Marshall com CARMEN MIRANDA, Jerry Lewis, Dean Martin, Dorothy Malone Estados Unidos, 1953 - 110 min / legendado electronicamente em português O último filme de Carmen Miranda é um remake de THE GHOST BREAKERS (1940), do mesmo realizador, com Bob Hope. Um cantor apaixonado pela namorada de um gangster vai esconder-se numa mansão, numa ilha ao largo de Cuba, onde tem várias surpresas. As vedetas do fi lme são Jerry Lewis e Dean Martin, cuja dupla estava então no auge e Carmen Miranda faz de certo modo o seu próprio papel. Mas podemos vê-la em duas "encarnações" diferentes, pois o clou do filme é uma cena em que Jerry Lewis se veste de Carmen Miranda e canta em palco, em substituiçãoa da vedeta, que se atrasou! Sáb. [21] 19:00 - Sala Dr. Félix Ribeiro

IF I'M LUCKY A Canção da Felicidade de Lewis Seiler com CARMEN MIRANDA, Vivian Blaine, Perry Como Estados Unidos, 1946 - 80 min / legendado electronicamente em português Raramente visto, o segundo filme de Carmen Miranda a seguir á guerra foi feito a preto e branco. Tratase da história de uma banda de músicos no desemprego, que vai tocar nos comícios de uma campanha eleitoral, sem saber que o candidato é o joguete de uma máquina política corrupta. Como uma espécie de artista convidada, Carmen Miranda tem três números musicais (mas nenhum a solo): Follow the Band, Bet Your Bottom Dollar e Botocudo.
Sab. [21] 19:30 - Sala Luis de Pina

THAT NIGHT IN RIO Uma Noite no Rio de Irving Cummings com CARMEN MIRANDA, Don Ameche, Alice Faye Estados Unidos, 1945 - 90 min / legendado electronicamente em portugues Segundo filme americano de Carmen Miranda, que é um remake de FOLIES BERGERE (1935), com Maurice Chevalier, com uma intriga clássica, porém bem construida. No Rio de Janeiro, um cantor americano (namorado de Carmen Miranda na história) aceita fazer-se passar por um rico brasileiro, com quem é parecidíssimo e que tem problemas com os seus negócios. É claro que isto gera inúmeras confusões, sobretudo na vida sentimental dos dois homens. Don Ameche faz o duplo papel e Carmen Miranda tem três números musicais. Sáb. [21] 21:30 - Sala Dr. Félix Ribeiro

GREENWICH VILLAGE Serenata Boémia de Walter Lang com CARMEN MIRANDA, Don Ameche, William Bendix Estados Unidos, 1944 - 82 min / legendado electronicamente em português Típico musical da Fox nos anos de guerra, com um Technicolor berrante, para contar a história de um jovem compositor clássico que tenta fazer carreira em Nova Iorque, nos anos 20, e aceita adaptar as suas melodias para um espectáculo da Broadway. A personagem de Carmen Miranda chama-se Princess Querida e canta três canções, uma das quais tem um titulo que parece resumir a sua persona cinematográfica: Give Me a Band and a Banana. Para quê mais?
Sáb. [21] 22:00 - Sala Luis de Pina

Carmen Miranda "TICO TICO NO FUBÁ"

CONFERÊNCIAS DO MARCO 9 FEVEREIRO 2009



Carmen Miranda...do Marco de Canaveses para o Mundo.

Mesa dos participantes na Sessão do Comemorativa dos 100 Anos de Carmen Miranda

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Spot 100 Anos Carmen Miranda

Programa 9 de Fevereiro - 100 Anos Carmen Miranda


Programa do dia 9 de Fevereiro de 2009 - Segunda-feira

Apresentação 100 Anos Carmen Miranda


100 ANOS DE CARMEN MIRANDA


No próximo dia 9 de Fevereiro faz 100 anos sobre o nascimento de Carmen Miranda em Várzea de Ovelha e Aliviada no concelho de Marco de Canaveses.

Para celebrar este Centenário a Câmara Municipal do Marco de Canaveses, com a colaboração da Alfândega Filmes, vai promover uma data de iniciativas que decorrerão entre o dia 9 de Fevereiro (data do nascimento) e o dia 5 de Agosto (data do seu falecimento em Hollywood).

Maria do Carmo Miranda da Cunha, filha de gente simples e humilde, seu pai era barbeiro e sua mãe doméstica, pouco mais de dez meses de vida passou em Portugal. Seus pais emigraram para o Brasil onde se instalaram no Rio de Janeiro. Maria do Carmo fez a sua instrução primária no Colégio de Santa Teresa, que acolhia as gentes pobres da zona da Lapa no Rio de Janeiro. Cedo começou a trabalhar, aos 14 anos fazia gravatas e de seguida numa famosa loja de moda carioca, "La Femme Chic", modelava chapéus.

Maria do Carmo era uma jovem alegre e extrovertida, que gostava das coisas da moda de sua época, em particular o cinema e a música. Desde os eus 17 anos que frequentava as festas em casas de boas famílias e participava em algumas filmagens como figurante.

Um encontro com o deputado baiano Aníbal Duarte, em 1928, que a apresenta ao músico e compositor Josué de Barros, iria mudar de forma radical a sua vida. Aníbal Duarte almoçava com regularidade na pensão que a mãe de Carmen Miranda dirigia. Tendo-a ouvido cantar ele falou com Josué de Barros pedindo-lhe que a ouvisse. "Ninguém acredita na menina, mas eu confio muito no seu olho clínico..."

Desse encontro nasceria um disco editado em 1929 pela Brunswich, com duas faixas. No lado A o samba "Não Vá S'imbora" e no lado B o choro "Se o Samba É Moda", ambos compostos por Josué de Barros e interpretados por Carmen Miranda.

Nascia assim, com apenas 20 anos, o fenómeno daquela que ficou conhecida para sempre como a "pequena notável".

A aceitação popular foi entusiástica. Em 1930 grava mais 15 discos de duas faixas na gravadora VICTOR RCA, tendo o tema "Para Você Gostar de Mim " marcha-canção popularizada pelo diminutivo TAÍ vendido mais de 35 mil exemplares, batendo todos os records da época. Em 1932 Carmen Miranda faz a sua estreia no cinema, numa média-metragem "A VOZ DO CARNAVAL". Em 1935 protagoniza como actriz "ALÕ, ALÔ, BRASIL", ao lado da sua irmã Aurora Miranda. Estes sucessos no cinema contribuiram para que assinasse um contrato miliónario com a gravadora Odéon e fizesse a primeira digressão internacional à Argentina. No ano seguinte a Rádio Tupi contrata-a e Carmen Miranda torna-se a cantora de rádio mais bem paga do Brasil. A sua popularidade junto do público brasileiro é imensa, a pequena portuguesa de baixa estatura (1,53m) tinha-se tornado numa grande estrela brasileira.
No dia seguinte de completar os seus 30 anos de idade, em 10 de Fevereiro de 1939 , estreia no Rio de Janeiro o filme de João de Barro "BANANA DA TERRA". Este que foi o seu sexto filme brasileiro iria marcar para sempre a carreira de Carmen Miranda. É neste filme que para interpretar o famoso tema de Dorival Caymi "O Que É Que A Baiana Tem ?", que Carmen Miranda usa o traje de baiana que a imortalizaria.

Pouco tempo depois, a 4 de Maio de 1939, aquela pequena menina que se vai tornar a grande embaixatriz da língua portuguesa e da música brasileira, embarca no transatlântico "Uruguay" rumo aos Estados Unidos, na companhia do conjunto "Bando da Lua".

O seu sucesso na América é vertiginoso. Conquista rápidamente a Broadway, interpreta 14 longas-metragens em Hollywood, é a actriz mais bem paga dos Estados Unidos nos anos 44 e 45, realiza várias digressões e espectáculos pelos diferentes estados da América. Com Walt Disney fica ligada á criação do famoso personagem de banda desenhada Zé Carioca. Voltaria ao Brasil depois de 14 anos de ausência. Dizeram então que voltou americanizada ! Daí surgiu a criação da famosa canção com o mesmo nome, da autoria de Luiz Peixoto e Vicente Paiva.

Regressada aos Estados Unidos, e logo após de terminar a 2ª Guerra Mundial, conhece durante a rodagem de "Copacabana", David Alfred Sebastian, editor e produtor judeu, com quem se casa em 1947.

Com um ritmo de vida extonteante, entre shows, digressões e filmes, Carmen Miranda, que já tinha garantido a sua imortalidade no Olimpo de Hollywood, sendo a única portuguesa a deixar as suas mãos impressas no cimento de Hollywood, em frente ao famoso "Chinese Theatre", entra numa dependência de sonoríferos e calmantes para poder descansar e recuperar da depressão de um aborto, que a conduziria ao ataque cardíaco que a vitimou na sua mansão de Hollywood na trágica noite de 5 de Agosto de 1955.

O seu corpo voltou, numa derradeira viagem, ao Rio de Janeiro, onde o seu funeral teve a participação de uma imensidão de gente anónima nunca antes vista na capital carioca. O Brasil prestava a sua última homenagem á "pequena notável", a cidadã portuguesa, que foi a primeira grande divulgadora da língua portuguesa e da música popular brasileira em todo o mundo !

Jorge Neves
Produtor/Realizador
Alfândega Filmes